ILP: sistemas integrados e a biodiversidade aliada à produção agropecuária
Coordenador de Desenvolvimento Tecnológico da Barenbrug, Paulo Ramalho apresenta a diversificação da produção e seus benefícios para o produtor rural com Integração Lavoura Pecuária
Desenvolvedor Tecnológico da Barenbrug, Paulo Ramalho apresenta - neste artigo técnico - quais são os benefícios do ILP
Importante provedor global de alimentos, o Brasil é um país afortunado para a produção agropecuária. Em vasto território, com ainda muito a conhecer, no país predominam solos profundos e com alto potencial produtivo. Com grande variação nos biomas, as chuvas de maneira geral são abundantes e permitem que cereais, grãos e forragens sejam produzidos em boa parte do ano sem necessidade de sistemas de irrigação. Outro ponto fundamental para as lavouras é a temperatura; e, mais uma vez, não há o que reclamar desta condição no Brasil.
Além das vantagens que foram presenteadas pela natureza, os agricultores brasileiros fazem por merecer pela notável dedicação, empenho e determinação à campo. A especialização e aprimoramento do conhecimento junto as novas tecnologias, frequentemente desenvolvidas por empresas que investem e acreditam no setor, também são pontos fundamentais para o incremento de produtividade das atividades agropecuárias e, consequentemente, competitividade e relevância do agronegócio brasileiro.
Neste cenário de consolidação das empresas rurais, que mesmo à céu aberto são minunciosamente planejadas, assistidas e conduzidas, será discutida neste texto a diversificação da produção e seus benefícios para o produtor rural.
ILP: benefícios da diversificação da produção para o produtor
A rotação de culturas, os sistemas de cultivo mínimo e o plantio direto (qual é mandatório a presença da palhada!) hoje são tecnologias dominadas e com benefícios consolidados, sendo estes a melhoria da estrutura física do solo com superior infiltração e retenção de água, proteção contra altas temperaturas e veranicos, menor escorrimento superficial da água e menor perda de solo, mesmo que por ventos (erosão eólica), redução de problemas com espécies invasoras, ciclagem de nutrientes e incremento de teor de Matéria Orgânica no solo.
Já na última década, a integração da produção de grãos com pecuária e com produção de madeira (em consórcio de longo prazo com espécies florestais cultivadas) acena também como opção para incremento de resultado financeiro e diversificação com benefícios adicionais ainda não tão evidentes e comprovados ao produtor.
A rota para um sistema agropecuário mais produtivo e sustentável está correta! Tais benefícios adicionais em adotar – e se desdobrar tecnicamente – para conduzir e persistir em sistemas agropecuários integrados podem não ser inicialmente comprovados através de resultados de análises simples de solo, ou mesmo na ‘bottom line’ das planilhas de resultados financeiros nos primeiros anos de adoção do sistema.
Contudo, a adoção de um modelo agropecuário regenerativo para construir novamente a fertilidade natural dos solos brasileiros perdida em diversas propriedades através de agricultura e pecuária convencional desempenhada ao longo dos anos mostra-se como opção para se reduzir a dependência dos sistemas de produção em fertilizantes sintéticos e defensivos, e assim, através da saúde do solo e biodiversidade reestabelecida, melhorar a rentabilidade dos hectares.
Príncipios do ILP
Os cinco princípios da agricultura regenerativa, que através do solo saudável conta com plantas e animais saudáveis, e sobretudo humanos saudáveis, para sempre ter-se como direção nas decisões sobre as atividades agropecuárias são:
Limitar distúrbios no solo: reduzir aração, gradagens e demais operações pelas quais realiza-se o revolvimento do solo;
Proteger a superfície do solo: através de plantas e seus resíduos, manter o solo coberto;
Construir diversidade: através de rotação de culturas e culturas de cobertura;
Manter raízes vivas no solo: fotossíntese presente durante todo o ano;
Integre animais: podem ser utilizadas diversas espécies.
*Artigo técnico escrito por Paulo Ramalho, Coordenador de Desenvolvimento Tecnológico. Engenheiro Agrônomo pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP) e Mestre em Ciência e Tecnologia de Sementes pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), atua no segmento de sementes desde 2011 com experiência em Produção, Beneficiamento, Tratamento e Comercialização de Sementes Forrageiras Tropicais.