Rotação de cultura e Integração Lavoura-Pecuária
Produtores destacam a alternativa para sanar problemas e aumentar a rentabilidade por hectare em produção
Produtores destacam a alternativa para sanar problemas e aumentar a rentabilidade por hectare em produção
A cada ano, a integração entre lavoura e pecuária vem se difundindo mais no país. A necessidade por intensificação das áreas em virtude da dificuldade de abertura de novas terras e a melhoria na estrutura do solo, principalmente em áreas do cerrado brasileiro, fizeram com que o pecuarista e o agricultor enxergassem que a integração entre os dois segmentos seria uma alternativa para sanar seus problemas e aumentar a rentabilidade por hectare em produção.
O agricultor, tendo necessidade de melhoria na fertilidade do solo, começou a investir no uso de Brachiaria para a formação de palhada. Inicialmente essa escolha apresentou resistência por parte dos produtores mais tradicionais, já que essa forrageira promove multiplicação do nematoide Pratylenchus brachyurus. Ao longo do tempo essa barreira foi superada, já que se comprovaram os benefícios de seu emprego, que eram infinitamente superiores à multiplicação dos nematoides. Iniciou-se então o uso de Brachiaria ruziziensis cv ruziziensis em sobressemeadura na soja com intuito de formação de palhada, visando o aumento de matéria orgânica no solo. Concomitante a isto, alguns produtores começaram a adotar a Crotalaria spectabilis cv comum como uma alternativa para a rotação de cultura, principalmente em áreas com infestação alta de nematoides, já que esta espécie além de não reproduzir nematoides pode acumular até 130 kg de nitrogênio (N) na parte aérea, provenientes da fixação biológica (EMBRAPA, 2001).
Além da sobressemeadura na soja, o uso de Brachiaria consorciado com o milho também se tornou uma realidade. Novas técnicas de plantio permitiram a ampla difusão da tecnologia, sem prejuízo para a cultura, permitindo que a forrageira fosse plantada na terceira caixa da plantadeira, a lanço ou de avião. Seu emprego veio como uma boa opção de integração com a pecuária, garantindo alimento para o gado na entressafra, agregando valor ao negócio e ainda por cima melhorando a estrutura do solo com o aumento da matéria orgânica. Uma alternativa para o plantio da semente de Brachiaria surgida nos últimos anos foi o uso de sementes forrageiras incrustadas que melhoram a plantabilidade em virtude de uniformidade de tamanho e peso, além dos tratamentos agregados às sementes como fungicidas e inseticidas.
Hoje já se falam em pelo menos 4 sistemas de plantio consorciado com a agricultura que são:
Tecnologia de recuperação/renovação de pastagens em consórcio com culturas anuais. Consorciam-se arroz de terras altas, o milho, o sorgo e o milheto com forrageiras, ou com leguminosas forrageiras, como Andropogon gayanus e Panicum sp. e/ou leguminosas forrageiras, como Stylosantes sp., Calopogonio mucunoides e Arachis pintoi (EMBRAPA, 1991).
Tecnologia que permite o uso intensivo de áreas agrícolas na região do cerrado com redução nos custos de produção. Os principais objetivos do Sistema Santa Fé são a produção forrageira para a entressafra e palhada em quantidade e qualidade para o Sistema Plantio Direto (SPD). Este sistema apresenta grandes vantagens, pois altera o cronograma de atividades do produtor, é de baixo custo e não exige equipamentos especiais para ser implantado simultaneamente ao plantio da cultura anual ou cerca de 10 a 20 dias após a emergência desta (EMBRAPA, 2.000).
O objetivo do Sistema Santa Brígida é inserir os adubos verdes no sistema de produção, de modo a permitir um aumento do aporte de nitrogênio no solo, via fixação biológica do nitrogênio atmosférico. O consórcio não deve afetar a produção de grãos de milho. A cultura subsequente pode se beneficiar do nitrogênio proveniente das leguminosas, permitindo a redução no fornecimento de nitrogênio mineral. Ainda pode-se citar como vantagens desse sistema a melhoria na qualidade das pastagens, quando no consórcio também se cultiva brachiarias, e a diversificação das palhadas para o SPD (EMBRAPA, 2010).
Considerado o mais recente modelo de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), o sistema consiste na sobressemeadura de capim sobre soja ou milho, mas com uma diferença: ao invés de Brachiaria ruziziensis, “gramínea-rainha” da integração, usa-se Mombaça, capim do gênero Panicum até pouco tempo considerado inadequado para ILP. O entouceramento do Mombaça pode ser evitado ajustando-se a taxa de lotação, de acordo com a oferta de forragem. No entanto o entouceramento não é visto como um problema frequente no sistema, porque o capim tem vida curta e é pastejado nos meses de seca e depois dessecado (DBO, 2017).
Independentemente do sistema usado, o importante é não deixar o solo descoberto e intensificar cada vez mais a produção na mesma área, visto que a competição por outras culturas como a cana-de-açúcar é cada vez maior, uma vez que o retorno financeiro por hectare desta cultura é bastante atrativo. Hoje, em algumas regiões privilegiadas por clima, já é possível fazer safra, safrinha e boi, ou seja, 3 safras em um ano, tendo assim um rendimento por hectare maior do que qualquer sistema solteiro, como seria com pecuária ou agricultura de formas isoladas.
Nós produzimos comida para o mundo e precisamos chegar na excelência em produção de proteína. A demanda mundial é crescente e precisamos acompanhá-la, não apenas na produção, mas também em qualidade do produto oferecido.